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Incidências de câncer de próstata e de mama tiveram aumento dramático no país

30/05/2015 19:25



Incidências de câncer de próstata e de mama tiveram aumento dramático no país

Segunda causa de morte no mundo em 2013, atrás apenas de problemas cardiovasculares, o câncer atinge uma proporção cada vez maior de pessoas em todo planeta, inclusive no Brasil, aponta o relatório “O fardo global do câncer 2013”, que pela primeira vez usou uma nova metodologia para calcular a incidência, morbidade e custo social dos 28 principais tipos da doença em 188 países. Aqui, o câncer de pulmão é o que mais mata na soma de homens e mulheres, com 29 mil vítimas para um total de 213 mil estimadas naquele ano, mas entre eles os maiores aumentos, tanto de casos quanto de fatalidades, estão sendo registrados na próstata, enquanto nelas as mamas ainda são o maior motivo de preocupação.

De acordo com o levantamento, publicado nesta quinta-feira no periódico “JAMA Oncology”, o número de novos casos de câncer de próstata no Brasil disparou 414% entre 1990 e 2013, passando de 18,7 mil para 96,3 mil. E mesmo levando em conta apenas a incidência da doença, isto é, a quantidade de diagnósticos a cada 100 mil habitantes, o que permite descontar fatores como crescimento populacional, o aumento ainda é grande, de 127,9%, tendo ido de 26,52 para 60,44 no mesmo período. Já entre as brasileiras, os diagnósticos de novos casos de câncer de mama quase triplicaram entre 1990 e 2013, de 24,9 mil para 74,6 mil, enquanto a incidência total, somados homens e mulheres, foi de 27,54 por 100 mil habitantes para 40,69, numa alta de 47,7%.

Segundo os especialistas, por trás deste fenômeno, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, estariam principalmente dois fatores: o envelhecimento da população e os avanços nos métodos de diagnóstico, o que permite detectar a doença cada vez mais cedo.

— As pessoas estão vivendo mais, a média de idade da população aumenta, e a maior parte dos principais tumores ocorre com mais frequência nos indivíduos idosos — destaca Itamar de Souza Santos, professor da Escola de Medicina da USP e um dos mais de mil pesquisadores que participaram da elaboração do relatório. — É esperado, nesse cenário, que o número de casos e mortes por câncer aumente, como já foi observado em vários países desenvolvidos. Mas outro fator muito importante e frequentemente esquecido é que nos últimos 25 anos a tecnologia para detecção de tumores evoluiu bastante. Algumas pessoas que não seriam diagnosticadas décadas atrás têm seu tumor detectado pelas técnicas hoje empregadas, e isso também aumenta o número de novos casos.

Doença matou 8,2 milhões
No mundo, o estudo aponta que a proporção de mortes devido ao câncer aumentou de 12% em 1990 para 15% em 2013, chegando a quase 8,2 milhões. Já o número de novos casos foi calculado em pouco mais de 14,9 milhões naquele ano, numa alta de 75,6% frente a 1990. E embora haja variações regionais, os dados globais refletem alguns dos números brasileiros da doença. Assim como aqui, o câncer de pulmão é o que mais mata na soma de homens e mulheres, com 1,64 milhão de vítimas em 2013. Mas, separados os sexos, o câncer de mama aparece como a segunda maior causa de morte pela doença entre elas, 464 mil em 2013, enquanto aqui ficou na liderança, com 16,2 mil. Entre os homens, por sua vez, o câncer de próstata ceifou 292,7 mil vidas em todo o mundo em 2013, na sexta posição geral, mas no Brasil ele ocupou a segunda colocação, com 17,7 mil vítimas. Segundo Santos, porém, isso não quer dizer que os brasileiros estejam fugindo dos exames de diagnóstico da doença.

— Claro que os avanços na terapêutica têm impacto no desfecho dos pacientes, mas um aumento nos casos diagnosticados (414%) muito mais elevado que o número de óbitos (177%) por câncer de próstata não sugere que o problema seja falta de diagnóstico — diz.

Para Santos, diante da tendência de envelhecimento da população mundial, a batalha global contra o câncer deve começar pela prevenção, com a adoção de estilos de vida mais saudáveis e destaque para o combate ao fumo.
— Este é um ponto fundamental. A cessação do tabagismo deve ser estimulada frequentemente, seja pelo profissional de saúde ou por políticas públicas — defende. — O tabagismo é o principal fator de risco para a ocorrência de câncer de pulmão e outros tumores e, mais importante, é um fator de risco modificável, ou seja, podemos atuar sobre ele.

Opinião parecida tem Mauro Zukin, diretor técnico do Grupo COI (Clínicas Oncológicas Integradas).

— A principal arma contra o câncer é a prevenção — afirma Zukin de Chicago, onde está para a Reunião Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, onde serão apresentadas as últimas novidades para diagnóstico e tratamento da doença de hoje até a próxima terça. — Lutar contra o tabagismo, a obesidade, cuidar da dieta e praticar exercícios são coisas do dia a dia que todos sabem que devem fazer.

Segundo Zukin, as grandes “estrelas” do encontro, que terá a participação de cerca de 40 mil médicos de mais de cem países este ano, deverão ser as chamadas estratégias de imunoterapia, que usam o próprio sistema imunológico do paciente para combater o câncer. Ele conta que até pouco tempo atrás estas terapias ainda eram muito arriscadas, com alta toxicidade, podendo provocar efeitos colaterais tão graves que podiam até matar os pacientes. Avanços nos últimos anos, porém, reduziram em muito esta toxicidade, ao mesmo tempo que aumentaram a eficácia dos tratamentos, fazendo com que junto a outra novidade, o perfil genético dos tumores, o câncer comece a ser tratado de forma mais personalizada, e com chances de sucesso muito maiores.

— Estas imunoterapias funcionam como vacinas. No câncer, as células malignas conseguem como que se “disfarçar” e não ser reconhecidas pelo sistema imunológico, escapando de seu ataque e fazendo o que querem. Assim, as vacinas tiram esta “venda” do sistema imunológico, que passa então a reconhecer as células malignas e a atacá-las de forma muito eficaz.

196 milhões de anos perdidos
Mas talvez o número mais impressionante do relatório publicado ontem na “JAMA Oncology” seja o cálculo inédito do custo social do câncer, traduzido em anos de vida saudável perdidos pela população global devido à doença. Com uma metodologia recém-desenvolvida que leva em conta dados como a expectativa média de vida dos países, tempo de tratamento e outros fatores, o estudo estima que em 2013 este número chegou à marca de 196,3 milhões anos em todo o planeta, sendo 5,19 milhões de anos só no Brasil. (Para se ter uma ideia do quanto é isso, basta lembrar que há 200 milhões de anos os dinossauros tinham acabado de surgir na face da Terra e ainda começavam a caminhar para se tornarem a forma de vida complexa dominante do planeta, até serem extintos pela queda de um asteroide há cerca de 65 milhões de anos.) Segundo os responsáveis pelo estudo, ao saberem quais são os principais tipos de câncer que afetam seu país e seu custo social, os governos poderão melhorar as suas estratégias de combate à doença.

— A prevenção do câncer e os programas para seu rastreamento e tratamento são custosos, então é muito importante que os países saibam quais cânceres trazem o maior fardo para eles de forma a alocarem adequadamente seus escassos recursos — diz Christina Fitzmaurice, oncologista do Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde da Universidade de Washington, EUA, e líder da pesquisa.

Fonte: O GLOBO

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